sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

EM TABIRA E EM SÃO PAULO CADEIRANTES DESFILAM EM BLOCO DE CARNAVAL

O padre Ronaldo toca na bateria da escola e também tem samba no pé. Antes do desfile, ele passa em vistoria às alas. Em seguida, entusiasma todos os integrantes para a folia. Foi ele quem convidou a cadeirante com paralisia cerebral Daiane de Costa Galvão, de 17 anos, para abrir o desfile no carro abre-alas.

“Ela se sente valorizada, brinca com o desfile, com as roupas, com a alegria. No primeiro carnaval da escola, quatro cadeirantes desfilaram. As outras mães não deixaram mais, mas a Daiane quer sempre vir”, diz a mãe da jovem, Debora Aparecida da Costa.
 
A cadeirante Daiane de Costa Galvão no carro abre-alas (Foto: Tahiane Stochero/G1)A cadeirante Daiane de Costa Galvão no carro abre-alas (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Na bateria, um menino cadeirante toca pandeiro. Deficientes auditivos e visuais de toda a região de São José dos Campos e Campos do Jordão também participam da festa em alas separadas. Em um trenzinho, os idosos do lar da velhice da cidade vibram.

“Tenho 71 anos e me sinto como quando tinha 14, quando comecei a pular carnaval. Criei 11 filhos, que agora me deram 25 netos e 12 bisnetos. Estou na velhice, mas é hora também de aproveitar e ser feliz”, afirmou a aposentada Benedita Custódio da Silva.
 
Cidades visitadas pelo G1 (Foto: Editoria de Arte/G1)
Na ala das baianas, Luzia Cristino dos Santos, de 80 anos, vibrava. “Desfilo desde que o padre criou a escola. As fantasias são feitas por nós, após muito trabalho para conseguir os adereços e tecidos”, diz Luzia.

A concentração da bateria começou às 19h, em frente à Igreja da Matriz, enquanto a missa da 18h ainda não tinha terminado. As alegorias de todas as alas impressionam pela beleza e pelos detalhes rigorosamente checados. Mas como conseguir verba para a escola de samba? O padre não gosta de pedir dinheiro para políticos ou empresas. Tem seu próprio método, que deu certo.
“Durante todo o ano mantemos na frente da igreja uma barraquinha vendendo doces e salgados para arrecadar dinheiro para o carnaval. Temos também uma cavalgada e outros eventos, que nos ajudam com fundos”, diz o padre.

O religioso também faz com que os fieis (ou os integrantes da escola de samba) contribuam para que a escola cresça. “Não gosto de dar nada de mão beijada. O pessoal tem que valorizar, aprender que nada nasce assim, tem que se construir um trabalho”, explica o padre Ronaldo.

O padre virou uma espécie de herói na cidade. Entre os moradores, nas ruas, ele é elogiado por ter “valorizado a população e resgatado a felicidade do carnaval familiar em uma escola de samba de luxo”, diz Débora Aparecida.

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